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domingo, 16 de março de 2014

Esperando a telespectadora

Na tardia manhã esperei
Viajei um mundo de coisas improváveis

to be continued

terça-feira, 14 de maio de 2013

Caia!

Cai aquela que não me pertence mais
Sai em direção ao chão mais lenta do que deveria
Expulsa aquela sensação de outrem
Partilha aquele sorriso levemente picante e salgado
Devora a própria linfa em busca de um resto de tristeza
Suma com tudo, com tudo mesmo
Parta e não regresse
Chao!

Tiago Muniz

segunda-feira, 29 de abril de 2013

cof...

cof cof
sigo a rotina desgastante de um sorriso eminente que rasga a garganta depois de muitos goles
cof cof
talvez seja o ar condicionado apenas, ou o gelo do suco de laranja depois de muita brisa
que provoca degelo no coração e causa fendas faciais em minhas bochechas, covinhas
e com tintas e pinceis artificiais minha mente tinge abraços nas esquinas da consolidação
- pra que consolação?
cof cof
talvez seja do grito arranhado de "acabou a bagunça" quando vejo que na verdade
cof cof
...na verdade tudo é uma coisa só e nada pertence mais ao outro do que a si mesmo
nada provoca fervor se não houver água para ebulição mas o iceberg que abriga o último urso
não anseia derreter, congelar ou velejar a mar aberto, tampouco estagnar ou até mesmo
salvar o último urso
ele simplesmente é.
vou tentar.
preciso de um café, pra agitar todo o sangue e sequelar meu cérebro na ausência de
outras vinte e quatro horas no mesmo dia sigo tentando e agora com um beijo sabor café
palpito um sorriso que pode salvar dois ou mais ursos.

por Santiago Muniz.

domingo, 3 de março de 2013

Visse que disse?

Tá escuro de tanto pensar
Os tais ciclos se renovam cada vez mais cedo
Os índigos já parecem adolescentes
O tempo assopra areia em meus olhos
- Tomo as minhas decisões assim
Tá escuro pra pensar
Melhor tatear suas palavras
e quebrar seus espinhos (ou sua espinha)
palitar os dentes com os cacos de quitina
- Estou cansado de roer as unhas
Não sou mais adolescente e não alcanço os pés
que cansados repousam de molho junto de minha barba
a que cortei faz semanas mas sempre esqueço
e meu gestual sempre me prega peças
quase como se tivesse amputado um membro
mas só escolho palavras desordenadas
e cavo minha desordem sem ser sábio
sabido isso, vivo minha confusão
a incongruência do mundo e a dificuldade do ser
do dizer
palavras comprometidas com o fazer.

por
Santiago Muniz

domingo, 17 de fevereiro de 2013

I have a dream...

Well,
I have a dream.
A dream of a better place to live, to lay down your head on the pillow and get a nice sleep.
A dream that her would be she again.
A dream in which there would be no time, but I ain't got some.
This timeline has an end, everything does.
What about us? No time for regrets?
Soon i'll be down... and you will cry for?
For what you done?
Will you?
My dream doesn't end well, so does life.
What the hell! Is it dream?

by Santi.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

As Ovelhinhas

Pobrecitas
As ovelhinhas são como nuvem
As ovelhinhas são como algodão

O que será que aquele que carrega o Sol pensa sobre isso?
Será que ele sabe o que acontece durante a noite?
Talvez não...

Talvez se ele soubesse as deixaria ali numa arena de rodeio
Sendo treinadas para pular, e as que pulam mais cerca
Não ganham nada...

É uma vida escrava, nem dói ou não se pode gritar
Todos estão dormindo ou contando ovelhinhas
Complacentes...

Talvez se o mundo material não fosse tão materialista
Sem relógio, horário de verão e compromissos
(...)

Talvez?

por Santi.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Os olhares do metrô falam comigo

- Ei, Dread! Esse aqui passa na Glória?
Fiz minha boa ação do dia, mas como não sou branco de olhos azuis e barba feita foi necessário perguntar a mais um para conferir a estação. Pronto, percebi que seria uma longa viagem.
Quando não se tem um livro para ler em uma viagem de trinta minutos, um simples vagão de metrô pode representar muitas coisas.
Eis que a velha loucura senta ao meu lado:
- Saí do trabalho agora. Tenho 58 anos. Sou babá. Vou me aposentar mas não paro de trabalhar! Quer ver a foto do meu neto? Aliás, vou ligar pra ele agora...
O impaciente ao lado faz cara de quem não gostou.
Um olhar reprovador me tange a visão, o respondo diretamente até que fique sem graça e perceber que ele é apenas mais um olhar, como o meu. Pobre senhora.
No fundo do vagão vejo uma cabeça com pesar desolado enquanto entra no vagão um casal que mantém as aparências para criar sua filha juntos. Que menina apática.
Ela me olha com admiração e tenta sentar ao meu lado, mas não tem forças para mover as pernas contra a maré de reprovação de seus pais, quem mantém uma coleira imaginária. Andou pra lá e voltou. Conseguiu romper!
Esse vagão parece ser uma extensão da minha mente onde habitam todas as possibilidades de personalidades que tenho.
Uma ném ao fundo oferece iogurte a outra, ela faz cara de nojo: talvez ela esteja ciente de toda a exploração animal embutida nas poucas miligramas de leite e cochinilha ali presentes e não queira compactuar com esse modelo. Ou simplesmente está enjoada. 
Respondo o menino da frente que masca seu chiclete com um sinal de positivo.
E a velha loucura ataca novamente, cantando com seus dedinhos. Enquanto recolhe a perna cheia de varizes, sinal de anos de sofreguidão e labuta.
A menina apática finalmente senta ao meu lado, agora me tangem olhares de seus pais, enquanto ela diz com seu ato: não respondo mais ao seu modelo de comportamento.
O impaciente se levanta de súbito. Foge do tiroteio.
A velha loucura fez uma amiga: Meu nome é Elizabeth, mas pode me chamar de Beth.
O garoto de minha frente guarda seu chiclete. Ambientalista desde cedo.
Outro menino, inteligente que só, explica algo ao seu pai ao sair do vagão. Beth começa a bater palmas. Esse tem o QI altíssimo!
As néns começam a correr entrando e saindo por diferentes portas do vagão.
A loucura se transforma em reprovação. Essas meninas de hoje... Só Jesus. Amém.
Está chegando minha estação... da próxima vez esquecerei meu livro. Não é a primeira vez que os olhares do metrô falam comigo.

Por Santi.