Arranquei uma página do meu caderno
(que no final amassarei)
Insatisfeito
Como uma malévola aura que se aproxima
destruí com muito prazer tudo que disse
e ali escrevi em algumas belas estrofes
Por meia página rasgada na diagonal
meu velho caderno de linhas azuis-claras desbotadas
perde mais um pouco de sua existência
E eu o sacrifico a bel-prazer
pois tudo faz tanto sentido, e tenho muito pouco tempo
até que esqueça-me de todas essas palavras cortantes
Com a caneta esbóço e rabisco os traços de um sorriso
Mas não era bem isso que queria contar
(não controlo minha inspiração)
Começo falando sobre sorrisos e termino em desilusão
Queria mentir pra você com essa poesia
Dizer que a bela donzela ainda usa roupa campesina
e os vilões são sempre os vigaristas
Essa é a hora que me decido e jogo tudo fora!
Mas ao fazê-lo, ainda brinco de ilusão
Brinco que sou senhor das coisas, e meu senhor.
(isso tudo porquê amassei um papel)
Que papel?
por Santiago Muniz